Estamos cercados por informações desde o momento em que o celular desperta até quando deitamos no fim do dia para tentar desconectar desse mundo acelerado. Porém, até durante nosso sono, os dados estão trabalhando por nós. Em qualquer canto, o volume de dados gerados a cada minuto é gigantesco. Se aproveitando disso, ferramentas que têm como base a Inteligência Artificial conseguem compilar essas informações de uma maneira mais eficiente que qualquer um de nós. A tecnologia capaz de aprender com os dados gerados por nós e aplicados pela ciência, por meio de softwares e ferramentas, tem uma capacidade, muitas vezes inimaginável, de replicar habilidades, processar dados, raciocinar, otimizar processos, corrigir erros, etc. Tudo isso vem transformando a maneira como lidamos com a tecnologia, mas isso também pode ser um problema.
Os impactos dessa nova realidade são perceptíveis em nossa rotina. A grande maioria dos aplicativos que utilizamos em nossos celulares carregam a tecnologia, como o GPS, o app de compras que identifica suas necessidades e até mesmo o corretor ortográfico do celular. Nas empresas não é diferente. Muitos Recursos Humanos utilizam a IA para fazer a seleção de candidatos com o perfil mais adequado para a vaga, o setor financeiro aplica a tecnologia para prevenir fraudes, e assim por diante. Fica claro, olhando por essa perspectiva, dos inúmeros benefícios que a Inteligência Artificial proporcionam em nosso dia a dia. Porém, a tecnologia ainda gera debates quanto a sua utilização. A aplicação dentro de algumas empresas acaba substituindo a mão de obra em determinadas situações, especialistas do setor afirmam que o uso contínuo pode levar a um isolamento social, a IA não possui habilidades cognitivas para desenvolver criatividade e, dentro dessa realidade, surgem os questionamentos éticos, sociais e morais.
O mundo está discutindo a falta de representatividade que a Inteligência Artificial pode provocar em uma base de dados, sugerindo a intensificação de vieses sociais por meio de algoritmos. No Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNDA), na última década, somente 38% das pessoas brancas não usaram a internet, contra 60% da população negra. Isso acaba gerando menos dados sobre essa parcela da população que não acessa à internet, bem como, também exclui os mais pobres. Esse exemplo pode ir além, uma vez que a Inteligência Artificial pode reproduzir situações sociais pré-existentes de algoritmos no aprendizado de máquina.
Apesar dessa discussão pertinente acerca da representatividade, o uso da Inteligência Artificial está em plena expansão por todo o mundo. A chinesa Alibaba, maior plataforma de comércio eletrônico do mundo, utiliza a Inteligência Artificial diariamente. As operações são capazes de prever o que os clientes desejam comprar gerando automaticamente produtos para o site. O Facebook, está utilizando a tecnologia para capturar e remover da plataforma imagens consideradas impróprias, como pornografia. No Brasil, a Volkswagen, criou um manual cognitivo para responder dúvidas dos motoristas. O aplicativo consegue reconhecer imagens, como a luz piscando no painel, para identificar o que precisa ser feito e informar ao motorista.
Não dá para fugir da Inteligência Artificial e nem negar que a tecnologia está revolucionando a maneira como vivemos. Muitas empresas encontraram fórmulas de sucesso utilizando a IA para reduzir perdas e melhorar a eficiência produtiva. E isso é maravilhoso para qualquer empresário, desde que os recursos economizados sejam revertidos para mais investimentos e aperfeiçoamento da mão-de-obra. Porém, precisamos ficar atentos a expansão da tecnologia. Regras e boas práticas nunca são demais e elas podem reduzir os efeitos negativos, como a discriminação provocada pelos vieses sociais. A acelerada transformação digital requer atualização e vigilância permanentes.