Moda high-tech: como a revolução tecnológica vem se firmando por trás das passarelas

Moda high-tech: como a revolução tecnológica vem se firmando por trás das passarelas

Atire a primeira pedra a mulher que nunca sonhou, nem por um instante, possuir um guarda-roupa high tech, daqueles anunciados há tempos em filmes dos anos 1990, em que bastava a gente informar nosso humor e o computador escolhia o look mais adequado para o dia, com roupas que apareceriam magicamente em nossa frente. Se para alguns a tecnologia no agro é uma realidade distante, a inteligência artificial na moda já é fato e vem conquistando cada vez mais adeptos por detrás das passarelas.

É verdade, o guarda-roupa inteligente e automático ainda não existe, mas já há opções bem próximas: Alexa, a assistente virtual da Amazon, é capaz de opinar sobre o look do usuário – e, cá entre nós, dizem que ela acerta bastante. Além da Alexa, outras interfaces de conversação como Apple Siri, o Google Home e o Microsoft Cortana podem sugerir o melhor produto para o consumidor apenas conversando com ele, ou seja, a partir dos dados coletados sobre os desejos informados e as tendências do cliente.

No ramo da moda, as alternativas de inteligência artificial são várias e, para o consumidor, vão desde experimentar a roupa virtualmente (e assim comprar online sem sustos) até encomendar um look sob medida (feito não pelo alfaiate, mas por uma grife com auxílio de um scanner corporal). A Revolução 4.0 entrou de vez no mundo da moda e tem revolucionado o jeito de fazer da indústria têxtil. Ponto para nós, clientes, que ganhamos um mundo de possibilidades na palma das mãos.

Possibilidades

A primeira revolução industrial começou no ramo têxtil: foi o tear mecânico para algodão que deu início a era das indústrias. E a última também promete mudar radicalmente a natureza da indústria da moda – uma das maiores do mundo, estimada em 2018 em cerca de 3 trilhões de dólares, representando 2% do PIB global.

A Inteligência Artificial está fundamentalmente transformando a indústria desde como fabricam seus produtos até a maneira como são comercializados e vendidos. As IA foram criadas há três décadas para resolver problemas e agora analisam, preveem, raciocinam, auxiliam e até tomam decisões. Algoritmos de IA e Aprendizado de Máquina já estão presentes em toda cadeia de valor, como design, fabricação, logística, marketing e vendas.

Além dos sistemas de conversação, a tecnologia está entrando no e-commerce e em aplicativos para smartphones. Os clientes agora podem tirar fotos de roupas de que gostam ou de estilos que desejam adotar, e os sistemas inteligentes de reconhecimento de imagens combinam as fotos com itens da vida real disponíveis para venda. Além disso, com a Realidade Aumentada, o consumidor pode experimentar virtualmente uma roupa e ver se lhe cai bem. Hoje em dia, informando as medidas corretas, é possível comprar até vestidos de casamento online.

A TrueFit, por exemplo, é um startup que virou gigante no setor: o seu algoritmo analisa mais de 200 atributos diferentes de uma peça de roupa, como tecido, caimento, detalhes de estilo, silhueta e costura. Além disso, ajuda o usuário a encontrar seu tamanho certo em determinada grife: basta ele informar o tamanho que utiliza em alguma outra marca.

As possibilidades são tão infinitas quanto a criatividade e a necessidade do setor. Para se ter uma ideia, a tecnologia está auxiliando até a combater crimes na indústria: algoritmos estão sendo aplicados pela alfândega e fiscalização de fronteira para ajudar a identificar a autenticidade de produtos sofisticados que são frequentemente falsificados, como bolsas e óculos de sol.

No Brasil

A indústria têxtil faturou US$ 51,6 bilhões no ano passado no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit). O montante tem potencial para crescer ainda mais com a adoção das novas tecnologias. Nos lados de cá, a inteligência artificial já é utilizada para aprimorar a experiência do consumidor e as vendas das marcas brasileiras. Conheça alguns exemplos:

– C&A – marca tradicional no varejo brasileiro, a C&A tem utilizado a inteligência artificial para controlar o estoque. A empresa diz ter melhorado em 20% a alocação do estoque em suas 270 lojas distribuídas pelo país desde que passou a usar um sistema de inteligência artificial. A coleta de dados anônima indica o público alvo por produto, sua taxa de aceitação, o preço mais adequado e faz o controle do estoque. A estimativa é que, no mercado da moda em geral, de 15% a 20% de uma coleção sobre nas prateleiras.

– Amaro – a empresa nasceu em 2012 já focada no digital: foi a primeira a utilizar o conceito de “loja guia”, na qual o usuário prova peças e depois faz o pedido online. Atualmente a marca utiliza um algoritmo que coleta dados dos consumidores (vendas, devoluções e interações nas redes sociais) para criar novos produtos – o que, junto a modelo de criação de novas peças com processos internalizados, transformou os 12 a 18 meses de uma coleção do modelo tradicional em menos de um mês.

– Coleção.Moda (CM) –  Fundada em 2016, a startup catarinense criou a Donna, primeiro robô brasileiro que prevê tendências a partir de dados de desfiles. O robô foi capaz de prever a tendência neon em agosto de 2018 – meses antes de virar febre. Quase 30 marcas utilizam atualmente os serviços da empresa, criando peças para seus próprios públicos.

Diante de todos esses dados, está claro para mim que a indústria da moda brasileira deve investir cada vez mais em inovação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico para manter-se competitiva no cenário global. E, quem sabe, logo logo desenvolver meu guarda-roupa inteligente.

sandra turchi - blog
assinatura sandra turchi
Especialista em Marketing Digital e E-commerce, palestrante, professora e sócia-diretora da Digitalents.

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