A sociedade vem passando por grandes e profundas transformações, principalmente alavancadas pela globalização e pela rápida evolução da tecnologia no mundo moderno.
Hoje, o consumidor deixou de ser apenas um espectador dos fatos para passar a assumir o papel de protagonista da história. Sabemos que cada vez mais ele interage e participa do processo de criação de um produto, do seu lançamento até torná-lo um sucesso ou fracasso.
Isso decorre da grande interação trazida pela internet e, principalmente, pelo papel das mídias sociais. Porém, temos que nos lembrar que para grande parte, ou melhor, para a maioria da população, principalmente dos países emergentes, isso tudo ainda é muito novo.
No Brasil a venda de computadores nos últimos anos teve um crescimento espantoso, em 2007 somou um total de mais de 10 milhões de equipamentos, com faturamento de 24 bilhões de reais, representando um crescimento de 25% aproximadamente sobre 2006. Desse total estima-se que praticamente a metade tenha sido destinada às classes de baixa renda, para um público ainda pouco acostumado à tecnologia e que busca soluções mais simples, em todos os sentidos, o que exigiu da indústria e do varejo uma readaptação, tanto em termos de produtos, como de serviços, para permitir seu acesso. Isso pode esclarecer o enorme crescimento de determinada marca de fabricante de computadores, até bem pouco tempo, desconhecida, e que hoje figura entre uma das mais importantes do cenário de tecnologia do país, porque soube como atender a esse novo consumidor.
Uma das conseqüências dessa inclusão é o crescimento significativo das compras via web, que somaram mais de 6 bilhões de reais em 2007, com um crescimento de 43% sobre 2006.
Há que se destacar igualmente o acesso aos aparelhos celulares, que tem uma base hoje maior que 140 milhões de equipamentos, sendo praticamente 80% pré-pagos, e cuja evolução está longe do fim, tendo em vista a troca freqüente por novos modelos.
Esses movimentos demonstram claramente as mudanças no perfil do consumo e dos consumidores, mesmo porque essas transformações estão apenas começando, ou seja, ainda há muito para se ver, tanto em termos de alterações do comportamento de compra em si, como na questão, já citada acima, da participação no processo de “produção”.
Além disso, não podemos esquecer a crescente influência na construção das marcas, devido a essa maior interação dos consumidores, que cada vez mais percebem seu poder. Alguns começam a navegar muito simploriamente, apenas para tentar localizar velhos amigos em alguma rede social famosa, pois sentem que já não podem ficar de fora, e logo estão usando esse e outros canais para realizarem pesquisas informais, discutirem, elogiarem ou rejeitarem alguma marca ou produto, seja porque não gostaram de algo, seja porque não foram bem atendidos em determinada rede de hipermercados, por exemplo.
Isso demonstra que essa situação é bastante real e não pertence ao imaginário de algum articulista, ou mesmo ao mundo acadêmico. Ela está ocorrendo na minha família, na sua, no vizinho, nas Lan houses e no cyber café ali da esquina… É uma pena que muitas companhias ainda não se tenham dado conta desse fato e ainda não tenham começado a se preocupar sobre como atuar nesse cenário. Fica o alerta…
Com isso, pode-se afirmar que as marcas que continuarão progredindo e se consolidando serão aquelas que mudarem suas atitudes para se conectarem mais efetivamente com esses consumidores, criando vínculos e experiências que sejam reais, e autênticas, mesmo que tenham que utilizar o mundo virtual para atingir seu objetivo.
(artigo publicado na Revista Marketing – novembro/08)