Pensar o uso da Inteligência Artificial em shopping centers pode ser um caminho natural de evolução nos negócios quando se analisa a riqueza desse ambiente para a aplicação desses recursos.
Além da evidente função desses espaços para comércio e distribuição de serviços, os shoppings são locais em que milhares de pessoas circulam diariamente.
Quem nunca resolveu comprar algum presente no shopping numa ensolarada tarde de domingo e, simplesmente, não havia vaga para estacionar o carro? E, entrando no local, se deparou com uma verdadeira multidão ocupando lojas, escadas rolantes e praças de alimentação?
O grande número de pessoas que permanece nesses locais, voltados ao consumo das mais diversas opções, dão a esses ambientes um poderoso potencial de Data Driven.
O que é Data Driven?
Data Driven significa decisões e processos orientados por dados. Ou seja, se há uma multidão de pessoas com os mais diversos comportamentos a serem observados, há informações sólidas e métricas que podem ser utilizadas para a tomada de decisão.
Não é preciso usar suposições, mas dados confiáveis coletados das mais diversas fontes.
É nesse ambiente que há uma grande oportunidade para aplicação de modernos conceitos como big data, machine learning e, o tema deste artigo, a Inteligência Artificial em shopping centers.
3 estratégias de Inteligência Artificial em shopping centers
1. Insights da IA
A Inteligência Artificial pode ser utilizada em shopping centers a partir da definição de algumas estratégias, para que os recursos alcancem os objetivos desejados.
É preciso estabelecer um objetivo: o que se espera com o uso dessa tecnologia. Por exemplo, aumentar vendas, reduzir custos, melhorar a experiência do cliente?
Há no mercado tecnologias que avaliam todo o espaço das lojas e corredores, sendo capazes de estabelecer, com mapas de calor, por exemplo, análise sobre a ocupação das áreas.
Um corredor mais “quente” na visualização, por exemplo, pode ser melhor utilizado para receber uma publicidade ou mídia outdoor. Além de mudanças no layout, também podem interferir na gestão do estoque e horário de funcionamento.
Na organização física de um shopping center, essas métricas, regidas por Inteligência Artificial, podem ajudar a definir o custo por taxa de ocupação nos ambientes, valorizando pontos que tendem a receber maior atenção dos consumidores.
O mesmo pode ser dito sobre o uso de IA no acompanhamento dos hábitos do consumidor, como os sistemas de identificação de clientes em ambientes como os supermercados, em que os produtos prováveis a serem consumidos já aparecem nos carrinhos de compra, prontos para o checkout.
2. Muito além do PDV
O ponto de venda (PDV) passa a ser apenas uma etapa da experiência de compra dos clientes em um shopping center.
As Ferramentas de e-commerce e os chatbots, amplificados com recursos da Inteligência Artificial, permitem o “funcionamento” 24 horas por dia da loja, com dúvidas sendo tiradas e processos sendo monitorados fora do horário de expediente.
A mesma dinâmica pode favorecer, ainda, a criação de promoções e ofertas direcionadas a públicos específicos.
É uma forma de otimizar a compra nos shoppings da forma como conhecemos hoje.
3. Segurança
A partir do uso de tecnologia com câmeras de vigilância com Inteligência Artificial em Shopping Centers é possível atuar em inúmeras frentes.
Um ponto bastante comum, que muitas pessoas não reconhecem, está no risco de quedas e escorregões nos pisos e estruturas desses estabelecimentos.
Com a utilização dessas câmeras, é possível quantificar, monitorar e tomar providências relacionadas a áreas de maior incidência desse tipo de ocorrência, prevenindo acidentes, principalmente, com idosos e crianças.
As mesmas técnicas podem ser aplicadas no monitoramento de atividades suspeitas, que podem prevenir casos de violência em geral e, até mesmo, crimes contra o patrimônio.
O uso dos estacionamentos também pode contar com benefícios, com a melhor organização e distribuição do fluxo de carros, além do mapeamento de áreas de maior risco para acidentes ou casos de violência.
Esses foram, apenas, três insights de um universo que tende a ser cada vez maior, com os avanços surpreendentes que os recursos de AI podem oferecer ao varejo como um todo.
É fundamental lembrar que esses recursos também podem ser aplicados de forma indireta, nos canais de marketing e divulgação, monitorando o humor das redes sociais, a satisfação do cliente e as formas como eles avaliam o estabelecimento.
Outra forma inteligente de aplicação está relacionada com a análise e previsão de demandas para os mais diversos comércios existentes.
São mecanismos utilizados para saber como será o fluxo de visitantes em cada segmento comercial, o potencial de uma data comemorativa ou os períodos de baixa, onde são necessárias adequações nos gastos.
Enfim, existe todo um universo a ser explorado, e eu gostaria de lhe fazer um convite para aprofundar alguns tópicos interessantes nesse tema.
Discutindo a Inteligência Artificial em shopping centers na prática
Estou dividindo um pouco do que tenho testemunhado no cenário nacional e internacional com uma fala específica sobre o assunto no seminário de Segurança e Operação 2023, realizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). O tema de minha apresentação: “Utilizando a Inteligência Artificial para Melhorar a Experiência nos Shopping Centers”. Tenho certeza que poderemos expandir algumas das ideias que trabalhamos neste artigo.