Quem acompanha tanto meu blog, quanto as minhas aulas e palestras, sabe que tenho um olhar cauteloso para excessos em alguns temas. 

Aliás, se você não me conhece, sou professora, escritora, consultora e palestrante sobre estratégias digitais.

Isso significa que, quando começam a destacar de forma muita exagerada algum tópico, muitas vezes de forma desordenada, encaixando esse assunto em qualquer possibilidade, passo a desconfiar.

Quando falamos em tecnologia no mercado corporativo, esse verbete fica ainda mais evidente.

Em minha atuação profissional, busco focar no que há de concreto nessas relações. Evidenciar boas práticas, que sejam acessíveis e, principalmente, verdadeiramente relevantes para sua jornada profissional.

Não adianta utilizar a tecnologia pela tecnologia, simplesmente. É preciso que ela facilite, entregue, transforme, enfim, faça a diferença de forma factual.

Pensando nisso, decidi escrever um pouco sobre como usar a realidade aumentada nos negócios, bem como a realidade virtual, com o objetivo de atrair mais clientes e conquistar melhores resultados.

O que é Realidade Aumentada?

Apesar de estar presente com mais intensidade no mercado nos últimos cinco anos, usar realidade aumentada nos negócios é um assunto que já atravessa décadas em discussão.

O termo, em si, apareceu pela primeira vez em 1990, vindo de um engenheiro da indústria aeronáutica. No entanto, há relatos acadêmicos e na literatura de conceitos semelhantes ainda mais antigos que esse registro.

De forma resumida, Realidade Aumentada ou RA é o recurso tecnológico que possibilita a sobreposição de uma série de informações digitais no mundo real. Na prática, trata-se de utilizar um dispositivo para inserir, naquele cenário da realidade, dados diversos. Aqui estamos falando de imagens, gráficos, infográficos, animações, vídeos etc.

Tornou-se cada vez mais possível, barato e acessível implementar essas propostas com a popularização de devices como smartphones e outros gadgets capazes de integrar câmeras e boa qualidade de processamento desses recursos.

Recentemente, tivemos a mais tangível demonstração prática sobre isso: o Apple Vision Pro, após muita especulação, foi revelado e lançado no início do ano.

O que se seguiu foi uma gigantesca onda de vídeos, numa grande campanha de marketing espontânea, com usuários dos mais diversos perfis utilizando o recurso e suas funcionalidades.

Você assistiu a esses vídeos? Eu selecionei uma dessas compilações de pessoas andando pelas ruas, utilizando o Apple Vision Pro, despertando curiosidade e, até mesmo, preocupação. É um material do jornal britânico The Guardian.

O que é interessante nesse case é que, mais que os vídeos institucionais da produtora Apple, os comentários se multiplicaram pelos vídeos de usuários comuns e influenciadores sobre o tema.

A questão que fica é, uma vez que a disseminação desses produtos já está acontecendo, mesmo que lentamente, no mercado mundial, como usar Realidade Aumentada nos negócios?

Como usar realidade aumentada nos negócios?

Selecionei algumas práticas que já são existentes no mercado, com players desenvolvendo essas soluções e conteúdos – e que podem servir de inspiração para que você estude a implementação em seu nicho.

Visual dos produtos

É muito comum em alguns segmentos, como o de decoração e arquitetura, que os profissionais exibam uma prévia do produto utilizando softwares específicos, que simulam os espaços baseados nas metragens reais, cores, texturas e móveis.

Imagine agora a chance de colocar óculos de Realidade Aumentada e simplesmente ser transportado para a sala de seu apartamento, já reformado, com todas as características reais, como numa obra de ficção?

Bom, acho que esse exemplo já é suficiente para mostrar o potencial de convencimento e as possibilidades de venda de uma ferramenta desse tipo, concorda? Imagine aplicar isso para carros, turismo, educação, medicina e tantos outros segmentos.  

Treinamento

O ensino remoto já é uma realidade, intensificada ainda mais no pós-pandemia. No entanto, existe uma considerável faixa de segmentos, em especial técnicos e nichados, que ainda exigem o treinamento presencial, por conta da complexidade e do peso da atividade prática.

Imagine um recurso que consegue, com total fidelidade, transpor o que será demonstrado, para salas distantes, em outro ambiente, cidade ou até mesmo país.

Fica fácil instruir quando é possível fazer uma imersão no visual, com som e imagem em tempo real, não é mesmo?

Suporte

Usar a Realidade Aumentada nos negócios pode ter a mesma relação do item anterior, quando falamos de suporte técnico e atendimento de chamados à distância.

Vou dar um exemplo que muitos talvez não conheçam. Mas no mercado gráfico, de impressão de livros e revistas, onde os robustos maquinários são importados, do Japão e da Alemanha, por exemplo, é comum que alguns problemas técnicos, quando muito específicos, exijam suporte internacional.

Poder proporcionar, com recursos de Realidade Virtual e Aumentada, a exata configuração de uma estrutura de funcionamento de uma impressora rotativa, para orientar a manutenção cirúrgica desse problema, pode ser algo transformador.

Marketing e eventos

Numa era onde a atenção, a criatividade e a inventividade contam bastante, a realidade aumentada passa a ser um recurso onde coisas novas podem ser exploradas.

Experiências de interação do cliente com propostas e produtos, imagens e emoções. Enfim, trata-se de uma plataforma totalmente nova para enriquecer ações e campanhas. 

Espaços inteligentes

Já pensou entrar em um estoque e saber, com informações visuais em tempo real, como está o volume de cada produto, sinalizados nos paletes, digitalmente com verde, amarelo e vermelho para entender os quantitativos?

Ou, ainda, óculos que mostra, em tempo real, onde quer que você esteja, uma dashboard com a prestação de serviços e atendimento de demandas dos seus principais clientes?

Esses cenários são perfeitamente possíveis, em uma integração inteligente entre Internet das Coisas (IoT), Realidade Aumentada e Realidade Virtual.

Eu preciso implementar a realidade aumentada?

Estamos tratando aqui de uma tecnologia em amadurecimento, em um processo rápido de difusão e popularização, mas que ainda está em andamento.

É a sua natureza de negócios que vai responder essa pergunta.

Será necessária uma análise crítica do seu core business e de seu posicionamento enquanto marca, para entender se faz ou não sentido o investimento nessa jornada de inovação.

Os caminhos, entretanto, mostram-se promissores.

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