Startups: de boas intenções... preciso completar?

Startups: de boas intenções… preciso completar?

Uma pequena enquete que fiz na semana passada aqui no LinkedIn mostrou que o feeling das pessoas que responderam coincide com o que revelou a pesquisa realizada entre agosto e setembro deste ano pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e publicada pelo Estadão: a maioria (96,8%) das 2,5 mil startups questionadas afirmaram que apoiam a diversidade. Belo discurso na teoria, mas na prática 60,7% delas disseram não possuir nenhum processo de seleção para contratação de grupos minoritários, incluindo nesse rol pessoas 50+, mulheres, negros, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência (PCD). Especificamente sobre profissionais com mais de 50 anos, 62,3% das pesquisadas não contrataram nenhum.

A maioria (82%) das pessoas que responderam à minha pequena pesquisa não acreditam que as startups estão atentas à diversidade etária, contra 10% que disseram que sim, e 7% ficaram no “mais ou menos”. Mas o que gostei mesmo foram dos comentários, como o de Vinícius Brito, diretor comercial na ExpoCompany, que salientou que essas empresas não contratam profissionais com mais idade por acharem que não conseguirão acompanhar a pressão absurda e jornadas excessivas que geralmente são cobradas da galera mais jovem. E Whanderson Agostinho, Head de Mkt e Grow acredita que muitas startups deverão fechar as portas em breve porque, sem profissionais experientes, não conseguirão dar continuidade aos projetos. Esses foram só dois exemplos dos ótimos comentários que recebi, aos quais agradeço imensamente.

Uma das razões da pouca disposição das startups em contratar pessoas 50+ pode ser a crença em alguns mitos, como o de que a inovação e a tecnologia estão intimamente relacionadas à criatividade e dinamismo, e que no Brasil, devido à nossa cultura, essas seriam qualidades inerentes apenas aos jovens. E a discriminação, pasmem, pode acontecer de forma inconsciente ou mesmo involuntária. Nada mais falso, como bem coloca Mauro Wainstock, fundador da HUB40+, consultoria voltada a conectar as companhias e marcas ao público sênior. Ele destaca que, no mundo todo, os fundadores de startups de sucesso têm mais de 45 anos. E no Brasil, a pesquisa do Kantar Ibope Media demonstrou que o público 60+ é mais aberto ao uso de tecnologias e se mostra propenso a consumir cada vez mais conteúdos, produtos e serviços relativos à inovação. Outra informação interessante, segundo Wainstock, é que há 24% mais chance de uma empresa ser mais saudável no Brasil se tiver sócios acima dos 60 anos.

A questão é que as startups que ganharam destaque nos últimos anos foram aquelas criadas por jovens universitários e aos quais se associam as características de ideias inovadoras e disruptivas. Porém, o que se começa a perceber é que as lideranças jovens nem sempre alcançam o sucesso almejado, ou conseguem se manter no mercado por muito tempo. Na pesquisa “Idade e Empreendedorismo de Alto Crescimento”, o professor do MIT, Pierre Azoulay, mostra que a crença de que só os jovens criam negócios grandes e transformadores não corresponde à realidade, constatando ainda que 42 anos é a idade média dos fundadores de startups e de outros negócios bem-sucedidos nos EUA.

E aí, startups: vamos mudar esse jogo?

* Sandra Turchi, CEO da Digitalents, especialista em Estratégia Digital

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Especialista em Marketing Digital e E-commerce, palestrante, professora e sócia-diretora da Digitalents.

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